sexta-feira, 23 de outubro de 2009

e a vida continua...

mensagem que compartilhei por e-mail alguns dias após a morte da minha irmã.

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recebi a mensagem abaixo no dia que minha irmã voltou para a pátria espiritual. é muito difícil dizer adeus desta forma repentina, mas precisamos segurar na mão de Deus e seguir em frente. A misericórdia de Deus e o carinho da família e dos amigos é que nos sustenta nesses momentos.


a mão de Deus se mostrou presente quando não consegui encontrar minha mãe por telefone para dizer que fosse encontrar minha irmã no hospital (nesse momento eu não sabia da gravidade do seu estado) e só conseguimos falar com minha mãe quando eu já estava no hospital acompanhada de amigas e de minha prima. meu pai que está trabalhando em Angra havia retornado ao Rio na noite anterior. e minha irmã foi amparada por pessoas cuidadosas na rua, uma delas é uma senhora cristã, que a levou para o hospital junto com um PM e um taxista que ajudou (e não cobrou pela corrida), ela orou com minha irmã e ficou no hospital até a chegada de uma pessoa de contato dela, que no caso foi minha amiga Gilcilene quem chegou lá primeiro.


Monica partiu num momento que estava muito feliz pois havia se casado há duas semanas, e nessas duas últimas semanas, nesses dois momentos, foi possível sentir o quanto ela é querida, e como temos pessoas bondosas e prestativas ao nosso redor.


Monica, te amamos muito. receba nosso carinho e oração de que esteja em paz.


acredito que a luz e a bondade que semeamos ao longo da nossa caminhada sempre retorna no momento que mais precisamos. que nossos corações estejam sempre abertos para a luz e atitudes do bem.


agradecemos o carinho e a solidariedade que temos recebido de todos. Que Deus os abençoe.


p.s.: aos amig@s que não foi possível informar, minha irmã Monica retornou a pátria espiritual no último dia 01.




---------- Forwarded message ----------
From: Momento de Reflexao <news@reflexao.com.br>
Date: 2009/10/1
Subject: [mr] E a vida continua...
To:

E a vida continua...
Vi meu pai morrendo na minha frente e não entendi porque Deus o matou... E desse dia em diante não mais acredito em Deus.

Frases como esta são uma constante.

Quando não conseguimos entender o fenômeno da vida e da morte, revoltamo-nos contra Deus, como a criança se revolta contra a mãe quando esta a obriga a beber um remédio amargo.

A idéia falsa de um Deus perverso e caprichoso, que mata uns antes dos outros, que castiga alguns e privilegia outros, que dá a riqueza a poucos enquanto muitos vivem na miséria, é a responsável pela revolta de muitos.

Concebendo um Deus temível, possuidor de todos os vícios humanos, pensamos que esse ser invisível está sempre à espreita para nos pregar uma peça.

A nossa visão, ainda míope, no que diz respeito às leis que regem a vida, nos faz sofrer, como filhos ingratos que não compreendem as atitudes dos pais amorosos que têm como único objetivo a felicidades dos seus.

Enclausurados na concha do egoísmo, não percebemos que nossos bem-amados não são os únicos que saem de cena na vida física e só nos incomodamos com Deus quando Ele mata um dos nossos.

Indiferentes às leis que regem a matéria, não vemos que tudo o que nasce, um dia tem que morrer, ou melhor, se transformar.

E o nosso corpo físico também é matéria, e como tal tem que se dissolver um dia. Mas, quando isso acontece, esquecemos de que somos Espíritos imortais e não apenas um corpo que desaparece na poeira do chão.

Fomos feitos à imagem e semelhança de Deus, e por isso mesmo viveremos por toda a eternidade.

O que nos tem causado insegurança é pensar que Deus é a nossa imagem e semelhança e que, portanto, é portador de todos os vícios humanos.

Somos Espíritos. E como tal somos imortais. Mas, para que atinjamos a perfeição, é preciso mergulhar na carne através da reencarnação.

Ao homem é dado morrer uma só vez, assegura o Evangelho. Ao Espírito não é possível a morte.

Um dia, num futuro ainda distante, não precisaremos mais entrar nem sair da carne, porque já teremos desenvolvido em nós a imagem e semelhança do Pai.

Jesus, após a morte do corpo, surge com toda vitalidade, em Espírito, para legar à Humanidade a certeza da imortalidade.

Dessa forma, não nos iludamos. O túmulo não é o fim da vida. É apenas o começo de uma nova fase de aprendizado para o Espírito imperecível.

Compreendendo a sabedoria e a perfeição das Leis Divinas, mudaremos a nossa reação diante da partida de um ser querido. E diremos com segurança:

Vi meu amado deixando o corpo físico, na minha frente, e entendi porque Deus o levou... É que Deus o ama mais do que eu e o quer, por algum tempo, no mundo dos Espíritos. Desse dia em diante, espero ansioso a oportunidade de um reencontro feliz. E por esse motivo, mais acredito e confio em Deus...

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O que chamamos morte, nada mais é do que um fenômeno biológico natural.

Seja pelo desgaste normal dos órgãos físicos ou de outra forma qualquer, todos deixaremos o corpo e voltaremos à pátria espiritual de onde partimos um dia.

Assim, tenhamos a certeza de que a separação é apenas temporária. E que, mais cedo ou mais tarde, tornaremos a reencontrar nossos amores dos quais sentimos saudades.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

sobre as despedidas...


há 21 dias estávamos nos despedindo da minha irmã Monica, hoje decidi escrever algo sobre esse momento.


não sei por onde começar, desde esse dia tenho tido tantas conversas e reflexões com pessoas próximas.


é difícil e doloroso processar a partida de alguém querido, e se for repentino torna-se muito mais difícil. assim foi a partida da minha irmã, repentina. eu estava numa clínica fazendo exames quando o telefone tocou, meia hora depois uma amiga chegou ao hospital e soube da gravidade da situação e me ligou dizendo que era para eu ir para lá pois a situação da minha irmã era grave. as pernas tremem, o raciocínio fica um tanto comprometido. Durante a viagem até o hospital eu tinha vontade de chorar mas as lágrimas não saiam, foi um choro interrompido, a sensação de angústia e medo era tamanha, acho que no momento eu pensava que se chorasse seria admitir que eu acreditava que minha irmã estava partindo. por um momento eu tive a sensação de que não sabia rezar, tudo fica muito confuso. cheguei no hospital e minha irmã já havia desencarnado.

apesar da dor e da profunda tristeza era preciso retomar o equilíbrio pois precisava ligar para os familiares e amigos, encontrar minha mãe que não estava em casa, buscar ser forte para ser apoio para meus pais. e então tentar colocar em prática o que tenho aprendido, lido, crido sobre as experiências da vida. Tenho conversado muito com amigos e pessoas próximas e refletimos juntos sobre a vida.

Deus sabe de todas as coisas:
busquei evitar a revolta e o questionamento, sou cristã espírita, e como cristã acreditamos que Deus sabe de todas as coisas, Deus é a sabedoria suprema do universo, e tudo acontece por uma razão, ou, nada acontece por acaso. Ademais, do que adianta revoltar-se por algo que não se pode consertar, ou voltar atrás. Acredito que a revolta somente deixa a dor num nível mais insuportável. Eu pedia a Deus que amparasse minha irmã na pátria espiritual, e pedia forças, que fortalecesse a minha família e a meu cunhado. O que mais se pode fazer num momento como esse se não aceitar a situação, reconhecer nossa fraqueza e pedir forças?

Algumas pessoas diziam "Deus sabe de todas as coisas, ela poderia ter sobrevivido e ficado com graves sequelas"... , mas fiquei pensando "nesse caso também não teria sido "Deus sabe de todas as coisas"?, me lembrei do pensamento na Bíblia: "a folha de uma árvore não cai sem a vontade de Deus". então penso que toda experiência vivida tem seu propósito e razão de acontecer.

Há pessoas que acham que os espíritas não sofrem diante do desencarne de alguém, não é certo. Sofremos sim, e muito. Entendemos que nos encontraremos todos na pátria espiritual e que a vida continua, mas agora no presente a dor da saudade é grande, é muito difícil dizer adeus.

Todos somos um e estamos conectados: acredito que toda experiência vivida, seja de dor, êxito ou prosperidade, não é unicamente para o ator central da experiência, ela atinge a todos a sua volta, em níveis diferentes, creio sim que reflete em tod@s. Se minha irmã tivesse sobrevivido, com sequelas ou não, acredito que teria sido para algum aprendizado e reflexão, teria sido algo que deveria ser vivido.

Dor não se mede: não há balança para dor, ainda que aos nossos olhos humanos algumas experiências são vistas como mais dolorosas do que outras, e bem da verdade algumas são sim muito dolorosas e difíceis, mas não acho saudável agirmos como se fossemos os únicos a sofrer no mundo, ou como se nossa dor fosse a maior de todas. É triste, mas a todo momento, em todo lugar e por motivos diversos, há pessoas sofrendo. Não soframos como se fossemos os únicos, não sejamos egoístas. A dor que porventura sentimos não é maior ou menor que a do outro, é simplesmente a nossa dor, não se mede. a sua dor dói muito em você, a dor do outro dói muito nele. Mas também cuidemos para sentir a dor no seu "tamanho certo", ou seja, não chorar a dor de uma unha encravada como se fosse a perda de um dedo...

Está doendo? Peça forças a Deus e lembre-se que nesse momento há outros que também choram, então por que não pedir consolo e serenidade para tod@s?...

(...) Tudo na vida tem uma razão de ser... (...) pelo amor ou pela dor...: toda experiência, seja boa ou difícil, tem uma razão e um propósito, e se estivermos com o coração aberto poderemos perceber os ensinamentos e as oportunidades. Tudo tem sentido, nada é em vão. Várias pessoas tem aprendido com experiências dolorosas, perdas e doenças, mudam o rumo de suas vidas, passam a relacionar-se de forma diferente, mais construtiva.

Gratidão: Em duas semanas vivemos dois momentos tendo minha irmã como ponto central: seu casamento e seu desencarne. Nesses dois momentos experimentamos a solidariedade e o carinho dos familiares e amigos, é muito bom sentir-se querido e amparado. Foi a força tarefa para arrumar os preparativos do casamento, bolo, bem-casado, limpar o salão da igreja, fotografar, filmar, levar os quitutes para a igreja... ajudar a ligar para os familiares e amigos, a presença constante, o abraço apertado, as flores, o calmante, as orações, os e-mails daqui, dali, do outro lado do oceano, torpedos e ligações cheios de afeto, o abraço apertado...

Desde então tenho percebido relacionamentos que estão se fortalecendo, laços que estão sendo restaurados, novas amizades que surgiram... e fico pensando que realmente tudo tem uma razão, motivo, um propósito. Que tenhamos sempre o coração aberto para aprender, buscar acertar, mudar quando preciso, perceber os ensinamentos que a vida nos proporciona.

Desapego: por mais doloroso que seja a despedida, seja ela geográfica, sentimental, ou pela volta à pátria espiritual, é preciso deixar que o outro siga seu caminho, é preciso desapegar-nos, é preciso respeitar a liberdade do outro, ou então, o momento do outro, é preciso entender e aceitar que cada um de nós tem um caminho a ser seguido, e um momento para seguir adiante. é preciso não perguntar "por que vc fez isso comigo?", "por que você me deixou?" pois seria egoísmo. é preciso desapegar-se da lembrança de como foi a partida, pode ser que pela forma como foi torna tudo mais difícil e insuportável. É preciso lembrar do sorriso e dos bons momentos vividos. O que se deixou de viver? Não sabemos. Afinal não sabemos do amanhã, não sabemos como teria sido a vida da pessoa que partiu, o que sabemos é da vida que foi vivida. É preciso desapegar-se do passado, é preciso ter consciência do hoje (a única certeza que temos é o momento presente), e nesse caso o hoje significa dizer adeus e seguir adiante, cada um seguindo o seu caminho. Nesse caso o hoje é sentir a saudade, e deixar a tristeza tomar seu rumo na velocidade certa, um pouquinho mais fraca a cada dia, talvez nunca totalmente, mas a cada dia um pouco mais amena. Saudades? Sempre!

recentemente um amigo postou em seu blog um artigo chamado "sobre nossas perdas" e fiquei pensando: como posso perder algo que não pertenço? então decidi escrever esse post com o título "sobre as despedidas", pois a vida da minha irmã pertence a Deus, assim como a minha, como a de todos nós. Somos tod@s filhos de Deus que nos "cede" a nossos pais para que cuidem de nós na experiência terrena, assim como eles foram "cedidos" a seus pais e assim por diante. (sugestão de leitura: nossos filhos são espíritos). um dia tod@s voltamos para os braços do Pai celestial.

minha irmã estava casada havia 15 dias e estava muito feliz por ter realizado esse sonho. quero guardar essa lembrança desse momento que ela estava feliz, sentindo-se bonita e especial.

(clique para ver algumas fotos)

Casamento de Monica e Sérgio


Monica era sensível, de coração aberto e bom, atenciosa, um pouco frágil, às vezes um pouco nervosa, às vezes ingênua e sonhadora. Dei muito trabalho a ela quando criança, e sei que peguei muito no seu pé depois que ficamos adultas, algumas vezes sei que não lhe dei a atenção que merecia, e outras vezes não fui paciente com ela. Mas espero que ela tenha sempre conseguido sentir o meu carinho por ela, e como me importava com o seu bem-estar.

Monica, siga seu caminho, que nele haja muita luz e benfeitores te acompanhando e fazendo chegar até você as vibrações do nosso carinho.

Aqui deixo meu abraço de solidariedade para tod@s que já tiveram que despedir-se de alguém assim repentinamente, e para tod@s que já sentiram a dor da despedida.

Mais uma vez deixo registrado a imensa gratidão por tod@s que tem nos ajudado, segurado nossa mão, estado presente em nossas vidas de diversas formas. Como é boa a sensação do carinho sincero, da solidariedade, do sorriso amigo.

Ao Pai e a Jesus, nosso Senhor, nossa mãe Maria e a todos os benfeitores amigos, nosso humilde agradecimento pelo amparo e fortaleza que tem nos concedido.

Que Deus abençoe a tod@s com muita luz e paz.



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A verdadeira felicidade é podermos proporcionar felicidade aos nossos semelhantes.

“derrame generosamente seu amor sobre os pobres, o que é fácil; e sobre os ricos, que desconfiam de todos, e não conseguem enxergar o amor de que tanto necessitam. E sobre seu próximo - o que é muito difícil, porque é com ele que somos mais egoístas.

Ame. Jamais perca uma oportunidade de dar alegria ao próximo, porque você será o primeiro a se beneficiar disso - mesmo que ninguém saiba o que você está fazendo. O mundo á sua volta ficará mais contente, e as coisas serão muito mais fáceis para você.

Eu estou nesse mundo vivendo o presente. Qualquer coisa boa que eu possa fazer, ou qualquer alegria que puder dar aos outros, por favor, digam-me. Não me deixem adiar ou esquecer, pois jamais tornarei a viver este momento novamente.

(in “O dom supremo”, Henry Drummond [1851-1897])”